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Cirurgia torácica minimamente invasiva
A evolução da tecnologia vem transformando a cirurgia nos últimos 20 anos. Desde o final dos anos 80, o uso de recursos ópticos e câmeras de vídeo, associado ao desenvolvimento de novos dispositivos, tem permitido a realização de procedimentos cirúrgicos por meio de pequenas incisões, mudando o paradigma de que grandes cirurgias deveriam ser realizadas por grandes incisões.
A preocupação com menos agressão vai muito além da questão estética. Estudos sobre as consequências geradas pelo trauma cirúrgico demonstram que menos agressão está associada a menos ativação metabólica, menos dor, menos imunossupressão e recuperação mais rápida. Na cirurgia torácica, o apelo da cirurgia minimamente invasiva é ainda maior, pois a proteção dos órgãos intratorácicos pelas costelas e pelo esterno torna o acesso ao interior do tórax particularmente traumático.
Tipos de Procedimentos
Procedimentos diagnósticos e terapêuticos têm sido desenvolvidos sob o conceito de cirurgia torácica minimamente invasiva. Biópsias da pleura, do pulmão e do mediastino são realizadas rotineiramente por meio de duas a três incisões de cerca de um centímetro, e em casos muito selecionados dispensando até o uso de anestesia geral.
Procedimentos mais complexos, como a lobectomia (resseção de um lobo/parte do pulmão), geralmente utilizados para o tratamento do câncer de pulmão, bem como a ressecção de tumores do mediastino, têm sido realizados de forma minimamente invasiva por videotoracoscopia.
Estudos demonstram as vantagens dessa técnica quanto à qualidade de vida pós-operatória, tempo de internação e retorno às atividades habituais. Por essa razão, seu uso tem sido cada vez mais frequente.
Novas Condutas
Na esteira dos avanços tecnológicos e sob o conceito da menor agressão, os cirurgiões perceberam que poderiam reconsiderar algumas atitudes e condutas tradicionalmente aceitas e simplificar o pós-operatório visando uma reintegração mais precoce do paciente às suas atividades habituais.
Assim, além das inovações tecnológicas, mudanças culturais e de condutas começaram a ser desenvolvidas e implantadas, como movimentação ativa precoce e intensiva, fisioterapia e realimentação logo após a recuperação anestésica.
Os pontos-chave passam pela orientação adequada, dada principalmente pelo cirurgião ao paciente, desde o pré-operatório. Incluem os cuidados com a incisão e com a manutenção do volume sanguíneo, temperatura e taxas de açúcar durante a cirurgia, além de se evitar invasão desnecessária (cateteres, sondas e drenos usados com critério). Envolvem, ainda, o uso do tratamento de dor com bloqueios anestésicos ou infusão contínua de anestésicos no espaço peridural evitando drogas sedativas, combate à náusea e forte incentivo à realimentação e ao caminhar precoce.
Esses cuidados, quando bem aplicados por toda a equipe médica multidisciplinar, aliados à orientação adequada do paciente e também de seus acompanhantes, podem reduzir em até 50% a necessidade de permanência hospitalar e, embora não haja ainda dados objetivos e estudos comparativos, parece claro que têm forte influência na redução das complicações pós-operatórias.